Na festa de Natal da Portugal Telecom, o presidente executivo da empresa poderia ter anunciado um prémio extraordinário, para repartir pelos trabalhadores uma parte da riqueza criada em 2011. Mas Zeinal Bava ficou-se por elogios, agradecimentos... e anunciou um espectáculo dos Xutos e Pontapés.

Para a Comissão de Trabalhadores da PT, que num comunicado de dia 21 expressou a sua desaprovação face ao conceito de partilha da administração, o nome da banda «não podia ter sido melhor escolhido, face ao sentimento geral e à forma como os trabalhadores da PT se sentem tratados pela administração».

O presidente deveria ter dito também que iria haver aumentos salariais (recusados em 2011) e que a empresa iria voltar a oferecer prendas pelo Natal aos filhos dos trabalhadores (prática abolida este ano). É que, protesta a CT, há partilha nos vencimentos e prémios dos administradores da holding (que receberam quase 6,5 milhões de euros, das contas 2010, a que se soma o prémio extraordinário aos participantes na venda da Vivo, atribuído no segundo semestre de 2011) e há partilha para os accionistas (com o compromisso de distribuir dividendos de quase 583 milhões de euros, relativos a 2011, valor superior ao que a PT deverá ter de resultados líquidos anuais).

A CT da PT «acredita que o futuro tem de ser melhor e mais justo», e lembra que «para isso, é preciso que os trabalhadores lutem efectivamente pelos seus direitos e interesses». Para 2012, aponta quatro objectivos dessa luta:

- a salvaguarda dos postos de trabalho e a exigência de trabalho efectivo e com direitos para todos os que trabalham na PT, incluindo «estagiários» e contratados a prazo;

- uma melhor protecção na doença para todos os beneficiários dos planos de saúde da PT (com um especial alerta quanto ao ataque que a administração estará a preparar já para o primeiro trimestre do novo ano);

- o reforço efectivo da política social, para possibilitar uma melhor conciliação do trabalho com a vida familiar e mais ajuda para os filhos dos trabalhadores;

- o aprofundamento da justiça social e uma justa e equilibrada distribuição da riqueza produzida, com aumentos salariais reais.